segunda-feira, 26 de julho de 2010
Achei interessante falar também sobre conteúdos mais técnicos. Então, vamos lá... Todos os equipamentos eletrônicos de captação de imagens necessitam passar por um processo de calibragem ou adequação de seu sistema a fonte de luz predominante, no momento que antecede uma operação de captação. O início desta operação é equilibrar os canais de Vermelho, Verde e Azul com base em uma referência do PRETO e do BRANCO absoluto, através de processadores e softwares instalados no interior do equipamento.
Outro item importante é o “color bars” que é um sinal gerado eletronicamente utilizado para calibrar equipamentos eletrônicos de reprodução de imagens com variações cromáticas. É constituído basicamente pelas cores primárias (vermelho, verde e azul), secundárias (ciano, magenta e amarelo); mais o preto e o branco.
Na câmera eletrônica, a imagem que chega pela objetiva é decomposta com o auxílio de um divisor de cores. Este divisor é constituído de um sistema de espelhos dicróicos no qual cada espelho reflete os raios de determinada faixa de comprimentos de ondas e deixa passar o restante do espectro. Cada uma das três extrações cromáticas resultantes é encaminhada a um sensor CCD que converterá a imagem em um sinal eletrônico digital através de um processamento digital do sinal.
A imagem é tudo para o repórter cinematográfico. E por ter tanta importância é que alguns cuidados devem ser tomados sempre, para que possa obter o maior rendimento possível no trabalho.
Por isso, recomenda-se sempre que possível utilizar o tripé, pois ele dá suavidade e estabilidade às imagens. Muito cuidado com o balanceamento da câmera sempre que mudar de ambiente fazer white balance ou bater o branco, ATW só em ultimo caso, íris sempre no manual, procurar sempre fazer detalhes de imagens relacionadas a matéria que está se fazendo, pois isso enriquece a edição.
Esses são alguns cuidados que devem ser tomados sempre. E mais uma coisa, nunca esquecer de ler a pauta antes de começar a trabalhar, para que se tenha uma ideia das imagens. Também é preciso estar sempre atento e capturar tudo que for relevante a matéria e uma coisa que é fundamental: conversar com o repórter para que as imagens casem com o texto e a matéria saia “redonda”. Anotem essas dicas que poderão ser bem úteis ...
domingo, 11 de julho de 2010
Quando o repórter cinematográfico chega à emissora, pelo menos no meu caso, a primeira coisa que eu faço é um check list do equipamento e alguns ajustes antes de ‘cair no batente’. São eles: Pego a câmera, em seguida coloco a bateria e a fita, separo o tripé e o sungun (iluminador), zero o time code, gravo color bar, verifico o back focus, testo o zoom, ajusto viewfinder, verifico se a lente está limpa, checo em que filtro irei trabalhar e, por fim, faço algum ajuste no menu, se for necessário.
Depois de feito isso, coloco todo o equipamento no carro e vejo se o mesmo está abastecido. Pego o (a) repórter, que por sua vez já pegou a pauta e alguma instrução com o chefe de reportagem sobre como as matérias devem ser feitas. Ai, depois disso tudo é “pé na estrada” e correr contra o tempo. As primeiras matérias são sempre voltando pro jornal de meio dia, então, já viu, se ocorrer um atraso na primeira acontece o efeito dominó e todas vão atrasando por consequência.
Mas sempre dá tempo e quando não dá, se arranja tempo. Quando se trabalha nessa profissão e se tem amor mesmo... Sempre dá tempo. Eu quero ver meu trabalho pronto e aparecendo bem feito. E ele tem que sair com o máximo de perfeição, pois não é só meu chefe quem vai assistir e sim, mais de setenta cidades que vão ver meu trabalho finalizado. Isso para mim, é motivo de orgulho da minha profissão. Tenho a função de levar a quem está em casa um pouco do que eu vejo na equipe de externa e isso, para mim, é uma grande responsabilidade.
Uma das coisas mais importantes em uma matéria se chama “passagem”. É um elemento chave para a matéria. É um recurso que pode ser usado em diversas situações, quando, por exemplo, o repórter é chamado para ‘cobrir’ um acidente, mas não se tem imagens do acidente, então o repórter vai até o local onde aconteceu o fato e, aparecendo na imagem, explica como aconteceu.
Outra ocasião é quando existe uma matéria e fala-se muito em números e estatísticas. Por exemplo, as chuvas que aconteceram agora no estado de Pernambuco. Se tivesse ocorrido uma enchente maior que esta em 1950, por exemplo, o repórter não iria ter imagens do acontecido, mas conheceria os índices pluviométricos daquela época. Nesse contexto, esse dado seria fornecido em passagem.
Outra situação é a mudança de ambiente para que não se provoque um “choque” de imagens. Se uma matéria falasse de um protesto de estudantes e, em uma casa estaria o diretor da escola, então o repórter não poderia simplesmente pular da imagem da rua para dentro da casa. Ele teria de gravar uma passagem dizendo que dentro da casa o diretor espera que seja eleito um representante para discutir o assunto.
E, por fim, quando se trata de assuntos diferentes em um mesmo ambiente como um treino de futebol, por exemplo. Só que o time que está treinando tem um jogador que vai para o exterior, então se mostra imagens e se fala do treino e faz uma passagem dizendo que além do treino existe mais um fato que está balançando o time, a saída do jogador fulano de tal.
Em todos os casos a passagem é muito importante. E mais importante ainda é que ela seja bem feita. Combinada entre o repórter e o repórter cinematográfico. Para que o movimento case certinho com a fala e que possa transmitir o assunto sem perda de teor. Deve ser ensaiada, tomar cuidado com o enquadramento, a luz, se não existe nada que esteja “sujando” a imagem ou o som, se o movimento não está muito longo ou curto demais. Enfim, deve ser muito bem trabalhada. Eu fiz uma passagem de cima de uma ponte na cidade de Altinho com a repórter Luciana Queiroz, a matéria completa está no site www.jcinterior.com.br. Vale a pena conferir para ter uma ideia do que acabei de falar.
domingo, 4 de julho de 2010
Às vezes passamos por situações inusitadas, em que chegamos a locais que a diversidade de imagens é tanta que você fica sem saber por onde começar. Quando se chega nesse ponto, tem que se valer da experiência e da sensibilidade que se tem. Uma coisa nunca deve ser esquecida: o repórter cinematográfico interfere diretamente na matéria, pois a imagem que ele vê deve passar para o telespectador o que está acontecendo realmente no local. Daí a importância da imagem.
O texto é muito importante pra TV não se deve tirar o mérito dele. Mas o nome do veiculo é televisão e não ‘teletexto’. E como diz o ditado: “uma imagem fala mais que mil palavras”. A matéria ideal é aquela que, por exemplo, você está em um bar, a música alta e de repente você olha pra TV e está passando uma matéria no jornal, na ocasião você não ouve o que o repórter está dizendo, mas, só pelas imagens, você entende do que está se tratando.
E para que isso aconteça o repórter cinematográfico deve deixar que sua sensibilidade venha realmente à tona. Afinal, não é só apertar um botão de REC. Tem que saber pra onde apontar a câmera, saber qual é o melhor ângulo, o melhor filtro, trabalhar bem a luz do ambiente, modular bem o áudio. E, sobretudo se colocar no lugar de quem está em casa assistindo. Além disso, é preciso lembrar que trabalhar em equipe é como se fosse uma engrenagem. Começa com a produção e termina no controle mestre. E nenhuma dessa peças pode falhar.
O mundo está em constante evolução. Por sua vez, o jornalismo, em especial, o telejornalismo acompanha essa evolução. A modernização dos equipamentos é uma constante nessa profissão. Já foram usados vários equipamentos: muito grandes, grandes, pequenos, sem áudio, com áudio, enfim vários tipos e modelos até que chegássemos aos que usamos hoje.
Desde as Bell & Howell e as Bolex (que o operador dava “corda” pra que elas funcionassem), que gravavam sem som, até que apareceram as Auricon que captavam o áudio pelo sistema ótico, existia na margem do filme uma trilha onde era gravado o som. Essas câmeras permitiram que o repórter aparecesse, o que dava mais credibilidade as matérias. No estúdio, eram usadas as TK-60 da RCA que eram uma transição dos equipamentos valvulados para os eletrônicos.
De lá para cá já se passaram mais de uma dezena de modelos como as U-MATIC. Que foram substituídas pelas BETACAM. Ótimas câmeras, porém muito pesadas, e com a chegada das DVCAM tiveram seu uso diminuído, mas não substituído de todo, pois a qualidade da mecânica das BETACAM é muito mais resistente. Depois dessas, ainda apareceram as XDCAM que gravam diretamente em mídias de DVD. E por fim, (até o momento) as câmeras que não usam mais fitas ou DVD’s e sim cartões de memória, o que possibilita mais agilidade no momento da captura das imagens, pois é como se você copiasse um arquivo e, sendo assim, o editor não tem que necessariamente assistir a matéria bruta enquanto copia.
Semana passada fui a cidade de Cortês, com a repórter Izabela Barbosa, fazer uma matéria sobre o estrago que o rio tinha feito na cidade. Logo na chegada, era possível ver que existia um tipo de muro de arrimo que impedia que a água invadisse a cidade. Porém, o muro tinha sido levado pela força do rio, o que formou uma enorme cratera bem no meio da rua. A água invadiu uma unidade de saúde que ficava na beira do rio e algumas barreiras, no município, também tinham vindo a baixo pelo excesso de água das chuvas.
Diante de tamanha destruição, eu tinha muitas opções de imagens para serem capturadas. Ao passar da ponte na entrada do município pude ver, do lado direito, casas destruídas e entre elas uma me chamou a atenção. Fui ao carro, peguei o tripé, a câmera e coloquei o filtro dois (5600 K), bati o branco e comecei a trabalhar. Existia uma casa, se eu não me engano era de segundo andar, que um lado inteiro havia desmoronado e lá em cima ficava um quarto (ou o que restou dele) e ainda se podia ver uma cama. Uma imagem bem forte, pois indicava que os moradores não tiveram tempo sequer de retirar os móveis, e que poderiam ter sido pegos de surpresa no momento em que dormiam.
Outra imagem que me tocou muito foi a de uma igreja presbiteriana que foi completamente destruída só restando a fachada em pé. E, mais uma vez uma imagem muito forte. Logo depois da igreja tinha uma bíblia, acho que tinha sido levada pelas águas, mas ela ainda tinha ficado próxima da igreja. Esse tipo de cena sempre toca as pessoas, pois diante de tanta destruição a única esperança vem do alto. A matéria na integra pode ser vista no site www.jcinterior.com.br .
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