domingo, 27 de junho de 2010
É muito difícil captar esse tipo de imagem. É um momento que se torna complicado, pois é impossível não se sensibilizar com a situação. Aquelas pessoas todas sofrendo com suas perdas materiais e pessoais e você ali, filmando tudo não por estar se aproveitado da desgraça alheia, mas para fazer o seu trabalho. Que nessas ocasiões se torna árduo.
Fazer imagens de ruas, ou melhor, do que restou delas. Combinar com o repórter o “olhar” que se deve dar as matérias... Humanizá-las. Mostrar, ou pelo menos tentar mostrar, um pouco do sofrimento que aquelas pessoas estão passando, tentando não se envolver, pelo menos num primeiro momento. É extremamente difícil.
Voar de helicóptero para muitos é muito bom, mas o que dizer de voar e ver, lá de cima, dezenas de pessoas esperando por um pouco de alimento para matar a fome? Ver as pessoas com lama até os joelhos e dependendo apenas da ajuda de estranhos. É uma sensação ruim, ter que engolir o sentimento e ser profissional. Mas, mesmo sendo profissional não se pode deixar de ser humano e de se comover com os depoimentos e as imagens que se faz nessas ocasiões.
Um cenário de guerra. Foi isso que eu pude observar na cidade de Palmares após a tragédia da recente enchente. Lama por todos os lados, destroços onde antes eram casas. O comércio foi destruído quase por completo e agora, só resta contabilizar os prejuízos deixados pela fúria das águas.
O acesso à cidade está um caos. O trânsito dentro da cidade acontece só por algumas ruas, pois muitas delas estão cobertas de entulhos e restos de móveis e mercadorias que não servem mais pra nada. Pontes, casas, a maioria dos prédios públicos... foi tudo destruído pela água.
Boa parte da população está desabrigada e em alguns locais a ajuda só chega de helicóptero, pois é impossível chegar de carro. Donativos estão chegando de todas as partes do país. A TV Jornal também está fazendo a sua parte e já conseguiu arrecadar toneladas de alimentos e roupas para ajudar essas pessoas.
Para trabalhar nesses locais, o que é imprescindível é uma bota de cano longo, pois a lama é muito alta e como arrastou muitos alimentos, os mesmos apodrecem e não é bom estar em contato com isso. Como a câmera é pesada se puder usar um microfone sem fio é bem melhor, pois assim não precisa necessariamente ir onde o repórter está.
terça-feira, 22 de junho de 2010
Tive a oportunidade de ir à cidade de Barra de Guabiraba na ultima sexta (18) e puder ver algo que nunca tinha visto em toda a minha vida. O que vi foi espantoso, pois apenas o centro da cidade estava fora d’água. Já o restante da cidade... estava coberta pelo Rio Uma. Bairros ilhados, pessoas que perderam tudo o que tinham, casas completamente cobertas pela água.
Eu e a repórter Izabela Barbosa comprovamos o que a força da água é capaz de fazer. Nesse mesmo dia, saímos da TV para irmos para Barra pela BR232 e antes de chegar em Encruzilhada de Bezerros uma ponte estava coberta pela água e não passava nem caminhão. Seguimos então pela BR104 para irmos pela cidade de Agrestina, mas outra ponte também estava coberta pela água. Quando, então, voltamos para a BR232 ai sim o nível da água tinha baixado e conseguimos seguir viagem.
Na cidade de Barra de Guabiraba só se andava de canoa, para fazermos a matéria tivemos de entrar numa [canoa] para pegar as imagens. Um trabalho complicado, pois devido a temperatura estar muito fria, quando se tira o equipamento do carro dá um choque térmico e o viewfinder da câmera embaça o que dificulta muito se enxergar a imagem, a lente também embaça e você tem que estar limpando a todo instante.
No que se refere a parte técnica, recomendo o uso permanente da capa de chuva no equipamento para não molhar e uma observação que um bombeiro me falou: se a canoa virar...solte o equipamento e segure o colete!
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Ontem fiz uma matéria sobre a desistência de mais uma “drilha” do São João de Caruaru. Desta vez foi a Gaydrilha que por motivo de falta de patrocínio desistiu de desfilar na avenida Agamenon Magalhães. Das dez drilhas que saiam nos festejos juninos da cidade seis já confirmaram a desistência, e das quatro restantes apenas uma já fez sua apresentação, até agora.
No caso da gaydrilha é realmente uma pena sua desistência, pois desde que foi fundada há 21 anos nunca tinha deixado de participar do São João. Sem contar que foi a primeira drilha fundada da Capital do Forró. Sem dúvida um brilho a menos nos festejos juninos.
Mas, voltando a falar da rotina da produção jornalística, quando as equipes de TV vão cobrir um evento como este, geralmente vamos com um motorista, pois se você estacionar o carro em um determinado ponto da avenida vai ter de andar muito acompanhando a drilha e depois vai andar ainda mais pra voltar pra onde estacionou o carro. Geralmente se faz assim, o motorista vai acompanhando a drilha no final dela, o repórter cinematográfico e o (a) repórter vão no meio do povo fazendo as imagens e coletando as sonoras com os participantes e organizadores, também é comum fazer uma passagem.
Quanto a câmera se trabalha com filtro 3 no inicio e 2 no final devido a mudança de temperatura da luz. E se prepare para coletar muita imagem em movimento, e bota movimento nisso!!!
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Na última sexta feira (11), fui à cidade de Sairé para fazer uma matéria que produzimos todos os anos, e que mesmo assim não deixa de ser interessante. A produção de busca-pé da cidade que é conhecida pela tradição em produzir o artefato artesanalmente. Dezenas de pessoas se empenham na fabricação, ao todo são 28 fases até que o produto final fique pronto. Em média são 200 “pancadas” socando a pólvora para se obter o busca-pé pelo qual a cidade é conhecida.
Fomos até a zona rural de Sairé para fazer a gravação das pessoas trabalhando na fabricação. Socando, enlaçando, furando... Gravamos boa parte do processo de finalização e também mostramos os preparativos para a festa do busca-pé cuja tradição já tem mais de 100 anos. Fizemos sonoras com os artesãos e com o diretor de turismo da cidade que falou sobre a expectativa de público e sobre a segurança no local. Afinal, esse tipo de fogo de artifício não é pra qualquer um não, pois chega a ter em média 500g de pólvora.
Gravamos em apenas uma fita, o equipamento usado foi câmera GY-DV500, bateria BP-L130, microfone com fio, fita DVCAM 32. Quanto ao trabalho com a câmera, apenas uma mudança constante entre filtro 2 e 3 devido a variação de intensidade de luz.
Na noite do sábado (05), aconteceu o 24 festival de fogueteiros e baloeiros de Caruaru. Um evento muito importante para os festejos juninos da cidade. E eu fui fazer a matéria desse evento para a TV. Foi uma noite que realmente coloriu o céu do município com todos aqueles fogos de artifício trazidos de vários locais do país.
Uma reportagem bem tranquila de fazer, onde tudo acontecia em apenas dois lugares. No morro bom Jesus onde queimou uma girândola com 12.000 tiros e no Campo do Central onde se apresentaram várias pessoas que são envolvidas com shows pirotécnicos.
Eu e a repórter Luciana Queiroz fizemos o VT que além das sonoras contou com uma passagem e muitas imagens para poder cobrir o texto dela. O equipamento que eu usei fui apenas a câmera com a devida bateria, o sungun e o microfone. Na tv gravamos o OFF e passamos a fita pro editor que fez a captura das imagens e do texto e também a edição. A matéria foi ao ar no TV JORNAL MEIO DIA da segunda feira (07)
domingo, 6 de junho de 2010
É muito bom trabalhar com jornalismo. Principalmente quando se alcança algum resultado com a sua matéria, quando você faz algum tipo de denúncia e as pessoas que são responsáveis em solucionar aquele problema passam a se preocupar em resolvê-lo. Acho que esse é o verdadeiro sentido do jornalismo. Fazer com que a comunidade seja ouvida e fazer também com que os responsáveis façam algo, mesmo que seja pouco, para ajudar essas pessoas.
As matérias de “volta” de problemas do programa O POVO NA TV, por exemplo. É muito gratificante fazer esse tipo de reportagem pra mostrar que o problema foi resolvido. O que nem sempre acontece. Mas quando acontece, é bom você ver que as pessoas estão mais satisfeitas e você saber que aquela satisfação, de um certo modo, foi provocada porque você foi lá no local mostrar aquelas pessoas, expor seus problemas, suas angústias e indignações com o poder público, como acontece na maioria das vezes.
Por exemplo, há um tempo atrás fiz uma matéria sobre uma pedra q estava caindo, e se não fosse feito alguma coisa pra segura-la a mesma iria cair sobre uma casa no Morro Bom Jesus. Esta semana, fui fazer a volta da matéria e a defesa civil já tinha feito um muro de arrimo pra segurar a pedra e ela não rolar morro abaixo. As pessoas estavam bem mais tranquilas com a situação, não custou muito pra prefeitura e só em você ver o rosto de felicidade das pessoas... Isso não tem preço.
Às vezes, dependendo da matéria, não se faz apenas um único procedimento. Existe situação em que precisa se complementar ou incrementar um pouco para chamar ainda mais a atenção do público.
Para se fazer esse ‘incremento’ o repórter usa de recursos que tanto completam ainda mais a matéria quanto atraem a atenção de quem está assistindo. São alguns desses recursos: passagem, teaser, standup, áudiotape.
A passagem é caracterizada pela presença do repórter. Pode vir no começo, no meio ou no fim da matéria e geralmente se caracteriza por alguma informação que não se possa mostrar com imagens, uma mudança de ambiente dentre outras situações em que ela pode (e deve) ser usada. Por exemplo, quando se faz uma matéria sobre acidentes de trânsito onde se fala de uma determinada porcentagem de acidentes que ocorreram. Não se tem imagens desses acidentes então se fala desse percentual em passagem. Em toda passagem o repórter aparece.
O teaser é quando o repórter chama a matéria, geralmente entra na escalada do jornal. Quando o apresentador fala sobre as matérias que irão entrar no jornal, aparece uma pequena entrada do repórter falando sobre o teor da matéria.
Standup é quando o repórter fala sozinho ou com um entrevistado sobre determinado assunto, geralmente algo que não se tem imagem ou um assunto que a matéria seja realizada posteriormente. Entra como se fosse ao vivo, mas é gravado.
Áudiotape é quando se está em um local muito distante da emissora e não tem tempo de enviar a fita para que a matéria vá para o ar. Nesse caso utiliza o recurso de ligar para a emissora e passar as informações via telefone. Coloca-se, uma foto do repórter em mapa para identificar a cidade na qual ele está falando. Entrando no jornal posteriormente a matéria completa.
Por exemplo, o último áudiotape que eu realizei a equipe estava em Floresta quando teve aquele caso da chacina em uma casa da zona rural. A cidade é muito distante de Caruaru, e não teria tempo da matéria entrar no jornal de meio dia. Fizemos um áudio tape para relatar como estava o clima na cidade no dia do enterro de três das seis vitimas, que por sinal eram irmãos. E a matéria completa entrou no jornal da noite.
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